quarta-feira, 2 de abril de 2008

Matéria Mix Brasil

Matéria com entrevista de várias figurinhas conhecidas e com grupos que nem existem mais. Agora quanto a fala do Luiz de que surgimos dentro do DCE, certamente foi erro de apuração do réporter (outro conhecido nosso!!!). Tampouco nos limitamos a classificação de "grupo gay", mas sabemos bem dos limites jornalísticos.

Uni-Pró
20 Universidades de todo o país já abrigam grupos gays

10/12/200

Por Beto Sato e Ferdinando Martins
Fotos: Arquivo Mix

Para muitos gays e lésbicas, o período universitário é o mais adequado para sair do armário. Mais adultos e independentes, afastados do jugo familiar, os estudantes encontram momento propício para sair do armário. Há cerca de uma década, grupos organizados começaram a surgir dentro das próprias universidades para constituir-se tanto como espaço de sociabilidade quanto de luta de direitos, dentro e fora do ambiente acadêmico. Antes disso, a militância gay e lésbica nesse ambiente era mal carregada no bojo dos movimentos de esquerda que proliferavam nos campi como forma de resistência à ditadura militar. No entanto, nem sempre a esquerda brasileira sabe lidar com a homossexualidade.

Hoje, depois da visibilidade ganha com a Aids e as paradas GLBT em todo o mundo, foi possível que estudantes universitários gays se organizassem para combater o preconceito e a homofobia dentro do próprio ambiente escolar. O recente caso do casal lésbico ter sido constrangido por uma policial na USP Leste mostra a importância desses grupos. Foi o Diretório Central dos Estudantes da USP que organizou beijaço e manisfestações de apoio às meninas que mobilizou inclusive parte dos estudantes simpatizantes da Universidade.

Um dos primeiros grupos que se tem notícias foi o Caehusp - Centro Acadêmico de Estudos Homoeróticos da USP. Formado por iniciativa do estudante de Letras Elias Lilikã, o Caehusp reunia alunos de diversas unidades e promovia reuniões e eventos sobre homossexualidade e cultura, além de publicar um jornal próprio. O ex-aluno da Faculdade de Direito do Largo São Francisco Daniel, lembra que o grupo foi importante para sua saída do armário. "Eu morava no CRUSP (residência estudantil da USP) e já tinha até relacionamentos gays, mas preferia dizer que era hétero. As pessoas ficavam convencidas porque sempre fui muito sério. No entanto, isso incomodava Fernando, meu namorado. Foi ele quem me levou para reuniões na casa do Elias, que também era morador do Crusp. Foi ali que comecei a ter mais confiança para assumir publicamente".

O Caehusp funcionou no início dos anos 90, quando a homossexualidade começava a ganhar mais visibilidade no Brasil. Hoje, a USP conta com outro grupo, institucionalizado dentro do próprio Diretório Central dos Estudantes. O Prisma, como é chamado, existe desde agosto de 2002 e se define como Grupo Permanente de Trabalho do DCE. Isso significa, segundo Rick Ferreira (foto), seu atual coordenador, que não importa qual chapa ocupe a executiva do diretório, o grupo irá permanecer.

O Prisma, aos poucos, vou ganhando legitimidade no interior da USP e, hoje, segundo Ferreira, a atual reitora, Suely Vilela, pretende instituir grupo de trabalho sobre a diversidade sexual. "As resistências que enfrentamos vêm dos estudantes. Muitos deles não se envolvem. Não queremos ser uma ONG GLBT dentro da universidade, mas consideramos importante que o corpo acadêmico - professores, alunos e funcionários, se envolvam na discussão".

A fala de Rick evidencia que as mudança estão se processando. O quadro é muito diferente do que havia há alguns anos, no entanto muito trabalho ainda precisa ser feito. Foi por isso que, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da própria USP, o estudante Felipe Tonelli, junto com amigos, fundou a chapa Purpurina, para concorrer às eleições do Centro Acadêmico. "Quando começamos, muita gente não levou a sério. Os colegas só cairam na real no dia do debate entre as chapas". A chapa [Purpurina], foi criticada por parte dos alunos. "Foi muito interessante pois serviu para todos enxergarem que existe a diversidade aqui dentro da São Francisco também".

Segundo ele, há muito preconceito ainda. "No começo, escutei coisas do tipo "esse assunto você não precisa compartilhar, pode te prejudicar na carreira", além de ouvir piadas pelas costas. Ele lembra que alguns alunos, ao ver o cartaz do Purpurina, exclamavam "Até isso vai ter aqui!"

Ele afirma que as coisas mudaram. "A homoafetividade não era explícita
, mas hoje já é possivel identificar alguns casais - mesmo que ainda impere a postura de ter uma imagem menos polêmica possível", declara. No último dia 24 de novembro, até uma festa gay ocorreu no centro acadêmico.

As dimensões assumidas pelos grupos gays dentro das universidades têm adquirido uma grande proporção a ponto de já terem sido organizados três encontros. O Enuds, Encontro Nacional Universitário sobre a Diversidade Sexual, foi realizado em novembro na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, no Rio de Janeiro. Em todo o país, há cerca de 20 grupos organizados dentros das universidades, alguns vinculados aos centros acadêmicos e diretórios estudantis e outros independentes.

Além disso, grupos formados para combater e discutir temas como opressão e direitos humanos acabam incorporando a temática da diversidade sexual, como é o caso Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação, Enecos, e do Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal Paulista, Unifesp.

Os dilemas enfrentados pelos grupos são vários. Além do preconceito de outros estudantes e da falta de participação de homossexuais que preferem o anonimato, algumas questões políticas se impõem. Por exemplo, participantes do último Enuds ficaram constrangidos com a tentativa de dominação do encontro por determinado partido político, que incentivava os gays e lésbicas a se engajarem em movimentos contra a Alca e o governo Lula. Felizmente, o partidários não obtiveram sucesso em sua tentativa de desviar o Enuds para outros tipos de discussão. Também incomoda os militantes o fato dos transgêneros ficarem de fora. Na USP, há dois estudantes trans, mas que preferem ficar alheios ao movimento.

O âmbito dos grupos pode também ultrapassar os muros das universidades. É esse o caso do Plural, que surgiu na Universidade Federal do Espírito Santo. Segundo Luís Cláudio Kleain, outras pessoas de fora do campi passaram a fazer parte das discussões. "Surgimos dentro do DCE, em um núcleo que discutia gênero e sexualidade. Hoje, ainda estamos alocados na UFES, mas a demanda de outras pessoas, especialmente em um estado com pouca militância GLBT como o Espírito Santo, fez com que ampliássemos a participação para pessoas de fora".

A tendência, felizmente, é que esses grupos proliferem em outras universidades. No Mackenzie, tradicional instituição de São Paulo, ainda não há grupos gays formados, mas recente publicação do jornal dos estudantes da Faculdade de Comunicação e Artes enfatizou que os homossexuais começam ganhar voz por lá. A publicação afirma que é como se não existissem gays no campus, mas o cenário parece estar mudando.

Disponível em: http://mixbrasil.uol.com.br/pride/pride2005/militantes_universitario/militantes_pro.shtm


3 comentários:

Luiz Cláudio disse...

Ai, os jornalistas... Uma única frase e um erro que adjetiva a história de várias instituições...
Eu não falei que saiu de dentro do DCE. Houve uma proposta do tipo, mas o grupo se preferiu surgir mais autônomo o possível por conta dos atrelamentos partidários notoriamente conhecidos em nossas entidades estudantis.
No DCE, pelo menos nos últimos dez anos, nunca houve núcleos de discussão sobre essa temática. Isso é história e deve ser registrado.

Anônimo disse...

Vocês estão em todas, hein!
mesmo que por meio de apurações mal feitas (rs), mas estão causando!
beijo, meninos. tô lendo sempre que dá.

Anônimo disse...

Olá!
Estive no CONEUFES.
Como vocês sabem, não estou mais no DCE, apenas fui delegado pelo curso de Economia.
Não houve nenhum grupo para discutir especificamente o tema, como das outras vezes, a espectativa era de que fosse realizado a discussão em GTs como Mov.Est. Este CONEUFES foi mais esvasiado (foi uma tentativa ousada de se realizar em São Mateus, um campus sem a menor estrutura), mas acredito que houveram avanços.
Na plenária final foi aprovada a proposta que determina a transformação de uma diretoria para "diversidade sexual".
Esse não é um relatório oficial, apenas um comentário!rs
O Blogg está muito bom! Parabéns pelo trabalho!
Beijos
T.