quarta-feira, 6 de maio de 2009

Iniciativa visa promover escolas sem machismo e homofobia em Vitória

Uma aluna, na aula da educação física, prefere fazer a modalidade esportiva oferecida aos meninos. Um aluno se veste como mulher e quer usar o banheiro das meninas. Um professor com comportamento mais afeminado é motivo de piada e risos entre estudantes e colegas de trabalho. Situações como essas comparecem no cotidiano escolar quase sempre gerando desconforto para os diversos atores envolvidos na construção da escola. A temática do gênero e da diversidade sexual é quase ausente nos conteúdos trabalhados nas salas de aula. Poucos são os profissionais que conseguem discutir esses assuntos sem tabus e contribuir para a desconstrução do machismo e da homofobia no ambiente escolar.

Um projeto da Prefeitura Municipal de Vitória objetiva contribuir para a reversão dessa realidade. Trata-se do Curso Prevenção da Homofobia nas Unidades de Ensino da Prefeitura de Vitória cuja aula inaugural será no dia 07 de maio às 18h00 no Auditório da Casa do Cidadão. A iniciativa capacitará 400 profissionais do corpo pedagógico e gestor da rede de ensino do município. Serão 2 turmas por mês, durante os meses de maio, junho, agosto e setembro. Cada turma receberá uma capacitação de 16 horas.

O Curso foi elaborado e será gerenciado pelo Centro de Atendimento às Vítimas de Violência e Discriminação (Cavvid) e conta com recursos do Governo Federal. A Coordenadora do Cavvid, Maria José Scárdua explica que a capacitação não dará “receitas” de como lidar com situações semelhantes aos exemplos do início do texto. “Esperamos que os cursistas passem a dar atenção a esse tipo de situação não com medo ou indiferença, mas sim como uma oportunidade para promover a discussão sobre o machismo e a homofobia nas escolas”, explica Maria José.

Segundo a pesquisa “Juventudes e Sexualidade”, feita em 2004 pela Unesco, 40% dos meninos brasileiros não querem um colega homossexual sentado ao seu lado na sala de aula. Vitória aparece com um dos maiores índices de rejeição entre os meninos: 44,9%. Os profissionais da educação, na maioria das vezes, não conseguem construir estratégias para lidar com a complexidade da problemática da diversidade sexual. Isso contribui para a perpetuação de práticas e valores machistas e homofóbicos. Além disso, as questões da sexualidade são sempre tratadas de maneira distante da realidade e das vivências tanto dos alunos como dos profissionais que atuam na escola.

Para o facilitador do Curso e integrante do Plur@l-Grupo de Diversidade Sexual, Luiz Cláudio Kleaim, iniciativas como essa ainda são raras no Brasil. “Poucas administrações públicas desenvolvem ações efetivas de combate ao preconceito contra LGBT no espaço escolar. Isso é fundamental para dar um fim à violência e à discriminação, pois a escola é instituição fundamental no processo de formação e transformação de valores”, diz


Contatos:

Maria José Scárdua - Coordenadora do Cavvid: (27) 3382-5391

Luiz Cláudio Kleaim - Plur@l-Grupo de Diversidade Sexual:

luizclaudiokleaim@yahoo.com.br